São três as doenças que mais assombram os gatos persas e, também, nós tutores: FeLV, FIV e PKD
A FeLV (Vírus da Leucemia Felina) e o FIV (Vírus da Imunodeficiência Felina) estão entre os causadores de doenças infecciosas mais comuns em gatos. São causadas por 2 diferentes tipos de retrovírus, pertencentes ao gênero dos Oncornavírus (FeLV) e ao gênero dos Lentivirus (FIV), sendo que o FIV pertence à mesma família do vírus causador da imunodeficiência humana (AIDS).
A infecção por algum destes vírus compromete o sistema imunológico do animal hospedeiro, interferindo na sua capacidade de combater infecções, predispondo o organismo a uma variedade de doenças secundárias recidivantes ou persistentes.
O vírus causador da leucemia viral felina pode ser transmitido através da saliva, secreções nasais e lacrimais, urina e fezes de gatos portadores. Um gato saudável pode se infectar após lambedura mútua com outro doente ou através de fômites. Os filhotes de gatas infectadas também podem nascer infectados por meio de contaminação transplacentária ou adquirir o vírus durante a amamentação. Cerca de 80% dos filhotes que adquirem o vírus nestas condições morrem na fase fetal ou neonatal, e os que resistem podem manter-se em viremia persistente.
Após a infecção por FeLV, gatos com o sistema imunológico competente podem combater e eliminar o vírus no estágio inicial. Já os animais com o sistema imunológico debilitado permanecem contaminados, dando origem a diversas complicações sistêmicas, como infecções secundárias, alterações hematológicas e até neoplasias.
A evolução da doença pode ser classificada em categorias de acordo com a característica da patogenia:
Regressiva (viremia transitória ou latente): devido a uma resposta imune eficiente, observado em 30% dos gatos sadios expostos ao FeLV. Podem apresentar testes positivos na fase inicial, mas tornam-se negativos posteriormente, pois o organismo neutraliza o vírus.
Progressiva (viremia persistente): devido à falha no desenvolvimento de uma resposta imune efetiva. Geralmente estes animais desenvolvem sintomas e apresentam testes positivos.
Latência: o vírus sai da circulação sanguínea, porém permanece sequestrado na medula óssea, replicando-se sem deixar as células, podendo ser responsáveis pelo desenvolvimento de anemias e neoplasias. Podem apresentar testes sorológicos negativos.
Gatos portadores assintomáticos e aparentemente saudáveis podem transmitir FIV e FeLV por não apresentarem sinais clínicos da doença durante semanas, meses ou até mesmo anos após o contágio inicial, tornando-se fontes potencialmente contagiantes para outros indivíduos contactantes.
Os sinais clínicos estão associados às infecções secundárias e à imunossupressão como:
Halitose devido a gengivites ou estomatites
Dermatites recorrentes e abscessos
Otites
Infecções das vias aéreas
Enterites
Anemia não regenerativa
Leucopenia com neutropenia, linfopenia e trombocitopenia ou leucocitose por linfocitose
Linfoma
Fibrossarcoma
Doenças mieloproliferativas
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A FIV é responsável apenas pela doença específica dos felinos, não existindo qualquer risco de infecção para o humano. São vírus frágeis e instáveis no meio ambiente, sendo facilmente inativados pelo calor ou por desinfetantes domésticos e detergentes comuns, sem necessidade de utilização do vazio sanitário prolongado.
O gato contrai o vírus da imunodeficiência felina através da saliva, quando é mordido ou arranhado por um gato infectado, ou através do contato sexual durante a cópula. As fêmeas podem transmitir o vírus aos filhotes por via transplacentária ou através da amamentação se forem infectadas antes da gestação.
Os sintomas da FIV na fase inicial caracterizam-se por febre, aumento dos gânglios linfáticos e aumento da susceptibilidade às infecções intestinais e cutâneas por um período de 4 a 6 semanas após o contagio. Animais jovens ou com um sistema imunológico competente podem apresentar uma fase latente ou subclínica na qual não se observam sinais da doença durante anos. Com o passar do tempo e o avanço da idade os gatos contaminados tendem a apresentar um severo comprometimento do seu sistema imunológico tornando-se susceptíveis a uma grande variedade de infecções crônicas.
Os sinais clínicos da FIV podem apresentar 5 estágios distintos:
Fase aguda: inicia-se de 4-6 semanas pós infecção com desenvolvimento de febre, leucopenia, esplenomegalia e hepatomegalia. Cerca de 4 meses pós infecção pode ser encontrada hipergamaglobunemia devido ativação policlonal inespecífica dos linfócitos B. Os anticorpos contra FIV só começam a ser produzidos pelo sistema imunológico cerca de 3 a 6 semanas após o contágio e tornam-se detectáveis por teste a partir de 4 a 8 semanas.
Fase subclínica: animal geralmente sem sintomas, podendo apresentar neutropenia e linfopenia.
Fase clínica: gatos podem demonstrar linfoadenopatia generalizada, febre, inapetência e perda de peso.
Fase crônica: com manifestações secundárias, como o desenvolvimento de lesões em cavidade oral, infecção no trato respiratório, febre, diarreia, alterações hematológicas (anemia, linfopenia, neutropenia e trombocitopenia), neoplasias e alterações neurológicas.
Fase terminal: devido à extrema debilidade do organismo, não têm controle sobre as infecções secundárias e podem desenvolver doenças sistêmicas severas (falência renal, hepática, pancreática ou linfoma).
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PKD (do inglês "Polycystic Kidney Disease"), ou Doença Renal Policística, é uma uma das causas mais comuns de insuficiência renal crônica e é também a principal doença hereditária em felinos.
A doença provoca o surgimento de cistos no rim, o que causa disfunção renal. A formação dos cistos ocorre ainda no período gestacional, porém estes aumentam de tamanho com o passar do tempo, e podem variar de 1 mm a 1 cm de diâmetro.
Normalmente animais mais velhos apresentam cistos maiores e em maior quantidade que animais mais jovens.
Os sinais clínicos da doença (depressão, perda ou redução do apetite, sede demasiada, urina excessiva e perda de peso, entre outros), manifestam-se tardiamente, geralmente entre três e dez anos de idade, quando o quadro de insuficiência renal começa a se instalar.
O PKD é uma doença provocada por herança não ligada ao sexo (pode atingir igualmente machos e fêmeas.), autossômica dominante (sempre que um filhote desenvolver os cistos, um de seus pais também apresentará a doença), e que se expressa tanto em homozigose quanto em heterozigose.
Entretanto, acredita-se que a maioria dos embriões homozigotos (portadores dos dois cromossomos com o gene PKD1 contendo a mutação para desenvolvimento de cistos, um derivado do pai e um da mãe) seja abortada ainda no começo de seu desenvolvimento, ou que morra em poucas semanas. Portanto, espera-se que a grande maioria dos gatos portadores da PKD possua um alelo normal (forma selvagem do gene) e um alelo alterado (forma contendo a mutação).
Assim, se somente um dos pais for PKD-positivo, a chance de um dos filhotes ser acometido de PKD é de 50%.
Por outro lado, se ambos os pais forem PKD-negativo, a chance do filhote ter PKD é nula!
O diagnóstico pode ser feito de maneira nada agressiva, por meio de ultra-sonografia, ou através de exames de DNA. Aos 10 meses de idade o exame anatômico chega a 98% de acurácia, quando realizado por veterinário experiente. Os exames de DNA têm 100% de confiabilidade, em qualquer idade.
Também é possível garantir que filhotes sejam PKD-free (não acometidos da doença) pelo diagnóstico PKD-negativo dos pais.
Como qualquer doença genética, a PKD não tem cura. Tratamentos paleativos e preventivos podem ser realizados com o objetivo de evitar a progressão da insuficiência renal crônica e de melhorar a qualidade e o tempo de vida dos animais doentes. Dietas balanceadas, e água em abundância são recomendadas.
Devido à gravidade da PKD, o diagnóstico precoce é de extrema importância para que se inicie a terapia preventiva antes que os sinais clínicos de insuficiência renal crônica se estabeleçam.
Devido ao caráter hereditário da PKD, os animais utilizados para reprodução devem ser selecionados pelos criadores e proprietários visando o controle e a erradicação desta doença na espécie felina. Gatos que possuem o alelo mutado devem ser castrados e, consequentemente, retirados de programas de reprodução dos criadores.
Embora o manejo seja facilitado pela herança da doença ser autossômica dominante (o que significa que todo portador desenvolve a patologia), os exames para certificação do plantel devem ser iniciados antes da idade reprodutiva do animal, e devem ser preferencialmente feitos por meio de análises de DNA, pois cistos muito pequenos podem passar desapercebidos nos exames morfológicos, gerando falsos-negativos, podendo fazer com que um gato seja usado como reprodutor em uma criação durante anos antes que seja diagnosticado com a doença do rim policístico.
Estima-se que cerca de 35% dos Persas sejam portadores do gene para PKD. Todas as raças derivadas ou portadoras de linhagens de sangue do persa (ex: Himalaio e Exótico), bem como o próprio Persa, apresentam maior propensão à doença (prevalência estatística). Matrizes e Padreadores destas raças devem, preferencialmente, apresentar exames negativos para PKD, que indiquem ausência da mutação.
Assim como o criador precisa estar atento e realizar exames nos gatos do plantel, o comprador de um filhote, sobretudo persa, deve estar também atento a existência de tais exames. Eles podem garantir que seu mascote passe mais tempo ao seu lado e tenha uma vida mais tranquila.
Caso você já tenha um gato e tenhas dúvidas sobre a possibilidade de ele ter PKD, faça o diagnóstico. Se positivo, castre imediatamente o seu animal.
E antes de comprar um filhote, exija o exame PKD-negativo (por DNA) dos seus pais. Deste modo, você contribuirá para a redução da ocorrência da PKD em gerações futuras.
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